Todo mundo gostaria de ter uma
família perfeita, não é mesmo? Muitas vezes nós podemos pensar que nossa
família parece meio louca, com manias que detestamos. É possível que olhemos
para outras pessoas e pensar: “nossa... eles sim, veja como se portam! Queria
que lá em casa fosse assim!”. A verdade é que é comum colocarmos em prática
aquele velho ditado: “a grama do vizinho é mais verde!”.
Toda família tem seus problemas. Há
sempre aquele irmão que adora fazer bagunça – principalmente os caçulas, creio
eu. Brincadeiras à parte, cada núcleo familiar tem suas particularidades. Às vezes
um costume que você detesta, outras pessoas têm cuidado excessivo. Quando se é
uma família cristã, essas diferenças e peculiaridades não deixam de existir.
Todavia, quando você é o único cristão em casa, isso pode se intensificar.
Pense no seguinte: qual é maior a probabilidade de haver problemas: quando há
princípios bíblicos ou quando a lei cultural vigente reina sem limites? É claro
que isso não é regra. Uma família não cristã pode muito bem ser mais harmônica
do que muitas famílias cristãs mundo a fora. Exemplo disso são pessoas que são
extremamente dóceis na igreja mas, em casa, corra quem puder.
Há quem diga: como eu queria ter uma
família como as reveladas na Bíblia! Me desculpe, mas discordo. Já ouvi um
amigo comentar o que vou dizer agora – o que me dá o sentimento de não estar
sozinho nessa ótica. Você gostaria de ser da família de Davi? Eu não. Um filho
que se deita com uma meia-irmã e outro irmão o mata (2Sm 13.11-14; 13.23-36).
Que tal da família de Jacó? Ora, o próprio Jacó passou a perna no irmão (Gn
25.29-34). E não para por aí: lembra do que aconteceu com José, filho de Jacó?
Seus irmãos o jogaram em uma cisterna e, depois, o venderam como escravo (Gn
37.23-28). Que tal da família de Jesus? Os próprios irmãos de Cristo não criam
nele (Jo 7.5). Tudo isso demonstrei querendo dizer que nenhuma família é perfeita,
todas têm seus problemas.
Sobre a convivência familiar, Jim
Britts cita algumas passagens bíblicas: Filipenses 2.3-4, Mateus 7.3-5, Romanos
12.18, Efésios 6.1-3.
Como em todo relacionamento, há
parâmetros nos quais os cristãos devem procurar viver. Vejamos o que nos diz
Filipenses 2.3-4:
Nada
façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um
os outros superiores a si mesmo. Não tenha cada um em vista o que é
propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros.
Pois bem, aqui vemos o que o
apóstolo nos diz quanto à nossa conduta. Será que na convivência do dia a dia
nós nos portamos com humildade, espírito de auxílio, ou temos segundas
intenções? Toda criança alguma vez na vida certamente já fez algo com vista a
conseguir alguma coisa dos pais. Entre irmãos, então, isso acontece várias
vezes – na semana, quando não no mesmo dia. O versículo 4 implica que precisamos
ter em mente o princípio de propriedade. Da mesma forma que queremos conservar
o que é nosso, precisamos respeitar o que é dos outros, e zelar por isso.
Mateus 7.3-5 fala sobre julgar.
Precisamos ser cautelosos com isso. Quando falo sobre julgamento ou disciplina
na igreja, sempre apelo aos irmãos que sejam amorosos. É claro que não devemos
deixar de julgar por conta disso, mas fazê-lo com temor e cuidado. O que
diferencia você de um cristão em pecado é o cuidado de Deus. Quem garante que
amanhã você não fará o mesmo? Um adúltero pode ter dito que nunca faria isso,
mas fez. Por isso, precisamos vigiar e estar em comunhão com Deus.
Romanos 12.18 nos diz para ter paz
com todos. Isso implica em perdão. Ah, como isso é difícil. Sempre há um
infeliz que tem prazer em pisar em nosso calo. Não é fácil. Todavia, lembre-se
do sacrifício de Cristo. Mesmo quando ele estava sendo crucificado, ele pedia a
Deus que perdoasse quem fez aquilo a ele. Tenha isso em mente. Esforce-se.
Rogue ao Senhor forças para perdoar.
Efésios 6.1-3 nos fala sobre a
conduta dos filhos para com os pais. Deus nos diz para que honremos nossos
pais. Ele não diz: honre seu pai se ele for bonzinho e amoroso. Mas sim: honre
seus pais. Isso é duro e difícil para nós, pecadores. Mas é o que devemos
fazer. Peça ajuda do Senhor, e ele te ajudará.
Alguns núcleos familiares, porém,
passam por problemas incomuns. Isso porque não acontecem com todos nós, mas em
casos específicos. Problemas como esses são o divórcio, abuso. São dois temas
que Jim Britts aborda falando sobre família. Divórcio e abuso são coisas
condenadas por Deus. O casamento não foi criado para ser desfeito. Se alguém se
casa pensando em se divorciar, já começou errado. O abuso, por sua vez, é algo
inconcebível, mas acontece. Nesse caso, é preciso se atentar para o
comportamento de pessoas que desconfiem passar por isso e, se detectar de algo,
denuncie às autoridades e à Igreja, para que ambas tratem do caso. Uma pessoa
que sofreu abuso deve procurar pessoas que a ajudem. Ficar em silêncio nunca
vai ajudar. Quanto ao divórcio, se uma pessoa está sofrendo por causa da
separação dos pais, ela deve procurar auxílio em Deus, nos amigos e em seu
pastor. Se fechar em seus próprios sentimentos apenas vai alargar uma ferida
dolorida, causando mais traumas.
Se sua família parece ter algo de
errado, comece a observar as demais. Se for algo sério, procure auxílio. Peça
ajuda a seus amigos mais próximos, aquela pessoa que você confia e sabe que com
ela você pode contar. Não saia contando para meio mundo, sejam pessoas pagãs ou
cristãs. Afinal, onde há ser humano, há erro e pecado. Portanto, seja cauteloso
e procure ajuda o mais breve possível, além de, claro, contar com o auxílio de
Deus e derramar suas angústias em oração e na busca do Senhor.
Que ele nos abençoe e nos capacite
mais e mais, dia após dia, e que sejamos irmãos, pais, tios, primos e amigos melhores,
com o auxílio do bondoso e misericordioso Deus.
Sem. Christofer F. O. Cruz
Nenhum comentário:
Postar um comentário